quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Embrapa e CHESF capacitam produtores para a criação de abelhas

Aula prática de manejo de abelhas
Buscando melhorar a qualidade de vida das famílias que vivem no entorno da Barragem de Sobradinho, na Bahia, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), está investindo na capacitação de produtores para a criação de abelhas.

O curso de apicultura foi oferecido a 37 pequenos produtores do município de Remanso. Participaram da formação tanto aqueles que já exercem a atividade como outros interessados em ingressar neste novo ramo, além de alunos de curso Técnico em Agropecuária. A capacitação já havia sido ministrada em Sobradinho, Pilão Arcado, Casa Nova e Sento Sé, somando um total de 168 participantes.

Segundo o pesquisador da Embrapa Semiárido Rebert Coelho, que coordena o Projeto “Ações de desenvolvimento para produtores agropecuários e pescadores do território do entorno da Barragem de Sobradinho-BA”, o objetivo é capacitar e incentivar os produtores para explorar a criação de abelhas de maneira racional e adequada. Para aqueles que estão iniciando a atividade, serão oferecidos todos os meios necessários, como colmeias, macacões para apicultor e outros acessórios, além de vários equipamentos, a fim de que tenham a oportunidade de começar um negócio próprio.


O curso faz parte do Plano de Ação 9 do Projeto - “Apicultura e meliponicultura para a região do entorno da Barragem de Sobradinho” - coordenado pela pesquisadora da Embrapa Semiárido Márcia de Fátima Ribeiro. As aulas, divididas em uma parte teórica e outra prática, foram ministradas pela professora Eva Mônica, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), e pelo Engenheiro Agrônomo José Fernandes Neto, da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA).


Na primeira parte, os produtores aprenderam desde o histórico da abelha na América, passando pela biologia, até as técnicas de manejo. No segundo dia, tiveram uma aula de campo em que praticaram o manejo das abelhas, aplicando métodos de proteção e prevenção de acidentes, e a transferência de uma colmeia para uma caixa de uso racional.

Os participantes do curso também aprenderam a transformar a cera bruta em cera alveolada, para que possam aproveitar o material que já possuem em suas propriedades reduzindo, assim, o custo de produção.

“A intenção é fazer bem o que a região pode produzir bem”, afirmou o instrutor José Fernandes. Ele observa a qualidade do mel produzido no Semiárido e ressalta a necessidade de utilizar métodos adequados de manejo. Eva Mônica confirma: “Os produtores têm conhecimento e sabem coletar mel, só precisam melhorar o manejo, porque a produção está abaixo do que a região pode produzir”.

Bom negócio - O investimento na apicultura tem se apresentado como um bom negócio para a região Semiárida. “Aqui na Caatinga algumas culturas ficam inviáveis para os produtores porque não tem água suficiente para irrigar os cultivos. No caso das abelhas, a região tem uma grande quantidade de plantas apícolas, ou seja, que têm condições de produzir tanto o pólen como o néctar, que é a base para a produção das abelhas”, explica Eva Mônica.

O produtor José Ricardo Gonçalves, de apenas 19 anos, trabalha com apicultura desde os 9. Apesar de também criar animais - como ovelha, bode e galinha -, ele reconhece as vantagens desta atividade: “Comparando o que você tem de gastos, com certeza a abelha é mais rentável, porque você tem um único investimento, quando começa, e vai ter lucro pro resto da vida.”

Atualmente com 35 caixas, José Ricardo produz em torno de 500 kg de mel por ano, gerando uma renda extra de cerca de R$ 2.000,00. “Trabalho pelo lucro, mas não só. É uma atividade que eu me sinto bem em fazer, e faço de coração - apesar de que a abelha não tem tanto carinho assim”, brinca o apicultor.